Uiler Costa-Santos 1983, vive e trabalha em Salvador (BA) É artista visual e educador. Através da fotografia e do estudo das imagens sua pesquisa propõe uma interlocução entre o imaginário da paisagem e as políticas de redistribuição do sensível por parte da abstração. Sua produção toma a imagem como veículo estético ao utilizá-las como instrumento que fornece ao corpo diferentes experiências de percepção a partir de espaços comuns e cotidianos, devolvendo a ele possibili- dades de imaginação político-geográficas. Desde 2017 o artista se dedica a série “Sizígia”, pes- quisa executada através da fotografia aérea no canal de Itaparica, região da costa baiana, onde acompanha diferentes relevos e movimentos da maré construindo novas formas de apreensão da paisagem local. Já colaborou com veículos como National Geographic Brasil e National Geogra- phic Traveller UK, Four Seasons, Board de Turismo de Salvador entre outros. É colunista convidado do Iphoto Channel e do blog português Fotografia DG e desde 2015 ministra cursos de formação em fotografia com ênfase em técnica e pesquisa poética. Seu trabalho artístico é representado pela Paulo Darzé Galeria (BR), Babel (BR/ USA) e São Mamede (PT).
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Cosmologia da Maré Baixa
Dois corpos se atraem, gravitam e dançam ritmados descrevendo curvas no infinito espaço. Em meio a esse transe que os sustém no ar, ciclicamente são interpostos por um outro corpo do qual emana a energia vital. Essa mágica conjunção é capaz de reorganizar as forças vitais que geram e animam as existências. O salão de baile onde ocorre essa coreografia interestelar é o Cosmos. A Lua e a Terra são os corpos que, magneticamente atraídos, desenham órbitas em torno do Sol.
Entre tantos fenômenos enigmáticos ligados à astronomia, ao big bang formador do Universo e a intangível percepção do infinito por onde gravitam corpos celestes, como o planeta Terra, nos cabe perceber, nas minúcias da natureza, esse macrocosmo quase abstrato potencialmente conectado a todo micro-organismo, todos os seres, tudo que viceja a partir da conjunção dos átomos.
Resultantes dessa dança dos corpos celestes no Cosmos, os movimentos das marés oceânicas embalaram a infância de Uiler Costa-Santos (Salvador, BA, 1983) nas praias baianas. Entre as marés baixa e alta, o futuro fotógrafo foi permeado pela percepção da natureza cíclica e mutável das coisas do mundo. Na maturidade, Uiler expandiu esses saberes da contemplação aplicando os princípios da cosmologia na sua forma de pensar o mundo, as relações sociais e as tramas políticas do nosso tempo.
Nessas fotografias aqui expostas temos um pequeno recorte de sua obra iniciada em 2017. Sobrevoando de helicóptero, emulando a visão dos pássaros durante os períodos de sizígia — nome que se dá ao alinhamento de três corpos celestes do mesmo sistema gravitacional que impulsionam ao limite marés cheias e baixas —, Uiler capta com extrema sagacidade trechos de territórios marinhos nos quais relevos, cores, formas e texturas fazem ecoar em seus enigmas visuais a pulsão do universo em sincronia.
Essas imagens nos levam a entrever o segredo e o sagrado da constituição da vida no planeta, ao mesmo tempo em que nos incitam a fabulação e ao devaneio, expandindo as raias da realidade visível. Para o artista “num momento em que as subjetividades têm sido menosprezadas, repensar o potencial ficcional das imagens e a capacidade delas de nos reposicionar nos nossos territórios e pertencimentos, por novos caminhos da imaginação, tornou-se uma urgência”.
Eder Chiodetto
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"Sempre me encantei com as paisagens. A experiência diante delas me faz sentir algo que talvez, nem estando lá eu sentiria. Esse interesse por observar os espaços cotidianos através de novas perspectivas nasce do potencial que os sentidos possuem em nos guiar na leitura da realidade, nos permitindo expandi-la mesmo quando enfrentamos a sua versão mais assombrosa. Parafraseando a geografia de Milton Santos “Tudo aquilo que nós vemos, o que nossa visão alcança, é a paisa- gem (...) Não apenas formada de volumes, mas também de cores, movimentos, odores, sons (...)”. E poder pensar nas paisagens como uma travessia é o que nos permite reconhecer que tudo está conectado.
Quanto retomo minha infância no bairro de Águas Claras, uma das regiões periféricas de Salvador, e percebo como a falta de contato com outras formas de natureza até então socialmente indispo- níveis me atravessa, entendo como o desejo por novos lugares de existência que a construção de paisagens me oportuniza passa funcionar como ferramenta de trabalho, refúgio e forma de relação com meu próprio território."
Uiler Costa-Santos. -
BIOGRAPHY
FORMAÇÃO
Bacharel em Design Gráfico pela Unijorge. (Universidade Jorge Amado, Salvador Bahia) 2013
Tecnólogo em Produção Multimídia pela Unijorge (Universidade Jorge Amado, Salvador Bahia) 2010
EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIs
2022 Coroas, Museu de Arte da Bahia, Salvador, BA.
Cosmologia da Maré Baixa, BABEL-SP, São Paulo, SP
2017 Salvador vista de cima, Salvador, BA.
EXPOSIÇÕES COLETIVAS
2022 V Festival Fotografia em Tempo e Afeto, Porto Velho, RO. 03/2022
2021 SP-Arte, Galeria Babel, São paulo, SP. 20-24/10/2021
F23 Encontros fotograficos, São Paulo, SP. 21-07 a 19/09/2021
SP-Arte viewing room, São Paulo, SP. 09-13/06 20212020 Sp-foto viewing room, São Paulo, SP. 2020
Agua, Espaço judith Munki, Petropolis, RJ. 11/2019-02/2020
2019 16o Salão Nacional de Fotografias Pérsio Galembeck, Araras, SP. 2019
2017 SSA Mapping o Centro Pulsa, Salvador, BA. 2017
2014 Crated, Canvaspop, New York. 2014PRÊMIOS
2021 8o Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger, Salvador, BA.
2020 Ensino da arte pelo ato fotográfico, Prêmio das Artes Jorge Portugal. Salvador, BA.
bIENAL2022 13th Rencontres de Bamako - Biennale Africaine de la Photographie.